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novembro 11, 2010

BLACK VELVET - PARTE IV E ÚLTIMA (ou talvez não...)

CONTINUAÇÃO DA PARTE III


À nossa frente uma cama redonda. Imaculadamente branca como o meu desejo.












Deitas-me na cama e amarras-me com o teu olhar de veludo, tão vermelho como as cortinas que nos rodeiam. É com esse mesmo olhar que começas a despir-me. Sorris. Não é uma cama é uma teia. Quero sair. “Tarde demais, My Purple Princess!”


 Oiço vozes. Várias. “E se chega alguém?” Mas os teus lábios não me ouvem e percorrem-me os sentidos. O meu corpo está alerta de ti, como numa batalha que se avizinha renhida. As tuas mãos queimam-me a razão. Fecho os olhos. Oiço ao longe uma voz…

“Oito. Dêem-lhe mais oito miligramas de benzodiazepina!”
Oito… É-me familiar o número, mas não distingo de onde.
“Vai ficar bem.”, diz-me este homem de bata branca e sorriso aberto. Antes de adormecer ainda tenho tempo de ouvir pelo canto do olho o tigre branco a rugir.


Acordo com uma luz muito branca que me fere os olhos. Alguém aponta uma lanterna para dentro deles segurando-me as pálpebras. “Está a reagir.”, ouço ainda em tom de névoa. Quero mexer-me, mas não consigo. Tenho os braços amarrados à cama onde estou deitada. E as pernas… Amarraram-me as pernas. Saio da dormência em que me encontro e começo a agitar-me. Dois homens, enormes, de bata branca avançam para mim com uma seringa na mão. “Não é preciso! Não é preciso!”, diz com voz autoritária o homem que está sentado ao meu lado na cama, e que acabou de tirar aquela lanterna fria de dentro dos meus olhos. Olha-me com curiosidade e complacência. Agora presente no meu corpo, sinto um formigueiro que me percorre as veias. Parece que o sangue me ferve e circula a um ritmo alucinante em todas as direcções, sem ordem específica. Tenho fome. Agito-me na cama. Sinto uma força dentro de mim que nunca tinha sentido antes. Como se dentro de mim existisse um outro eu desconhecido e que agora quer acordar.
“Tenho fome…”, digo com voz frágil e sumida. O homem aproxima-se um pouco para me ouvir melhor. Um cheiro invade-me as narinas e entra-me no corpo como uma injecção pura de adrenalina de qualidade. O coração acelera a um ritmo alucinante. Lateja-me a cabeça. O sangue atinge o ponto de ebulição. “Tenho fome…”. Ele aproxima-se um pouco mais. Reviram-se-me os olhos involuntariamente dentro das órbitas. Sinto a respiração ofegante… Num gesto brusco e certeiro abocanho-lhe o nariz e arranco-lho. Quando lhe sinto o sangue quente e doce na língua todo o meu corpo se contorce num prazer até agora desconhecido. A força cresce dentro de mim e num grito animal rebento as correias que me amarram os braços. Instala-se o pânico no quarto. O homem que estava sentado ao meu lado, grita no chão agarrado ao rosto ensanguentado e mutilado. Os outros dois avançam para mim de seringa em punho. Enquanto um me tenta agarrar e estabilizar os braços, o outro tenta encontrar um ponto no corpo para me espetar a agulha. Ouço um rugido no quarto. E com a velocidade de um furacão que não foi anunciado, um vulto negro invade o quarto e o homem que me segura os braços sucumbe à minha frente. O pescoço dele estalou como se fosse um boneco de corda nas mãos de um gigante. O outro é projectado com uma força tão bruta contra a parede que o crâneo se lhe abre como uma fruta demasiadamente madura quando cai da árvore.


És tu. Arrancas-me as correias dos pés e tomas-me nos teus braços. Mas porque não me deixas ver-te o rosto? De que te escondes nesse capuz negro? Eu sei que és tu.



 



Cheira-me a rosas frescas. Estou rodeada delas. Vermelhas. Numa cama de dossel debruada a renda e lençóis de cetim negros. Espreitas-me por detrás da renda com a timidez de uma criança depois de uma travessura. Os meus pulsos não têm marcas. O corpo não me dói. Sorris. “Desculpa… desculpa se te acordei, My Princess”. 








 THE END... OU TALVEZ NÃO. O LEITOR DECIDE SE QUER A CONTINUAÇÃO DESTE CONTO. ENVIEM AS VOSSAS MENSAGENS. DIGAM DE VOSSA JUSTIÇA... QUE A TIA HEDONÊ JOGARÁ O JOGO, DARLINGS! SE A MINHA MONT BLANC ESTIVER PARA AÍ VIRADA... ;)

Hedonê

1 comentário:

Anónimo disse...

Quero! Claro que quero a continuação...absolutamente!

não continuar agora é quase como estar a ouvir um disco (dos de vinil-os velhinhos!) de que se gosta muito e de repente aquele som horrivel da agulha a riscar o disco e a acabar com a musica... know what I mean?! ; )

So, please... to be continued...

:)

Bjs,
Joana Lopes

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