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novembro 08, 2010

BLACK VELVET - Parte I


My sweet Prince of the Darkness...

Decido hoje atravessar o Espelho. Depois de me observar atentamente, o meu rosto máscara mudou. Tenho à minha frente um copo com água e dois comprimidos que não tomo pelo medo da escolha. Errada.
 Do Outro Lado do Espelho há uma voz, vagamente parecida com a tua, que repete o meu nome com o olhar.
A Alice disse-me: "Segue o Coelho Branco..." Respiro fundo. Fecho os olhos e dou um passo. O meu coração bate descompassadamente. Fora de ritmo. Fora de tempo. 
Já não há volta atrás. 
Estou num caleidoscópio onde a única coisa que não está desfragmentada é a música. Uma música doce e melódica que se cola à pele como um perfume de alquimista.
Estarei a sonhar?
Tanta gente! É um baile. Risos cruzados. Tenho a certeza de que estou num baile onde as pessoas se mascaram. Há flutes elegantes com champanhe a condizer. Bebedeiras como asas de borboletas. Aínda não te vi, mas sinto o teu olhar vermelho visão nocturna a perseguir-me pela sala...
Podia jurar que me tocaram nos cabelos.

Acho que estou em Veneza. Ou será Verona?
Sinto um bafo quente no meu pescoço e um arrepio percorre-me a espinha. Olho em volta e todos desapareceram. Nada. Ninguém. Apenas eu reflectida em fragmentos de espelho. Milhares de fragmentos de espelho.

Continuo a ouvir a tua voz, quente...

Estarei a enlouquecer?

“És tu?”, pergunto?

 Nos fragmentos de espelho vejo um vulto distorcido envolto em rendas e cetim. Ri. Estende-me a mão. E embora o ar esteja a ficar gélido, a sua mão é estranha e familiarmente quente. Atravesso o espelho mais uma vez. Do outro lado: o baile, mas as pessoas estão congeladas em posições felizes e rostos azulados. O tempo parou em parte incerta.
O meu peito sobe e desce no decote sensual do vestido vermelho cintado. Sinto medo. O medo de uma corça prestes a ser apanhada. Quero mexer-me mas não consigo. Sinto uma respiração quente no pescoço…

“És tu?”
“És…” E já não consigo acabar a frase. Sou parada por um leve roçar de lábios no pescoço e umas mãos surpreendentemente firmes, mas doces, na cintura. Sei que sim, que és tu. Sinto a sala a rodopiar, ou seremos nós? 

TO BE CONTINUED...
Hedonê

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